trabalho

Sobre a responsabilidade de falar sobre felicidade

por em amor, Dona das Coisinhas
Há mais ou menos um mês atrás li essa entrevista no Contente.vc, uma entrevista que fala sobre a Armadilha do “Faça o que Você Ama” e que circulou bastante entre as pessoas que conheço e que inclusive defendem o trabalho feito com e por amor.

Logo depois de ler, iniciei uma reflexão que já dura algumas semanas e creio que não há de cessar por alguns por quês, dentre eles:

1 – Porque sempre levantei a bandeira de fazer o que se ama.
2 – Porque me sinto responsável por aquilo que escrevo e publico por aqui, conteúdo que acaba sendo lido por milhares e milhares de pessoas todos os meses.
3 – Porque esse e outros textos (vi esse post da Alice Mantelato e concordei com cada linha. Além de lúcido, é muito bem escrito) realmente me fizeram pensar bastante e talvez começar a enxergar as coisas de uma forma menos ingênua.

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Felicidade pra mim é algo complexo que nem a gente e não está associado somente ao trabalho. A procura da felicidade, acredito eu, está nas pequenas coisas, nas coisas boas que temos na vida e muitas vezes, nas coisas que compartilhamos, pois também acredito que felicidade pode ser compartilhada. Quando as pessoas nos mostram um caminho repleto de pequenas e simples alegrias diárias, chego à conclusão de que talvez resida aí um dos segredos para ter uma vida mais leve. E feliz.

Porém, na nossa sociedade a felicidade também está associada à liberdade financeira, ao fato de você ter dinheiro para comprar o que quer ou viajar pra onde quer, mesmo que seus desejos sejam simples e sem muitos luxos. Não vou dizer que não penso assim, sofro desse mal e tenho consciência disso, assim como imagino que muitos de vocês devam passar pela mesma situação. Vivo dizendo que mudar esse hábito só seria possível me isolando no meio do mato e/ou vivendo em uma comunidade alternativa, mas isso é muito distante da minha realidade, apesar de morar em uma cidade do interior onde o custo de vida é pelo menos umas 3 vezes menor do que nas principais capitais do país.

Apesar de entender e sentir que a felicidade está dentro da gente, nas pequenas (grandes) coisas e também nas pessoas que nos cercam, o trabalho sempre foi um componente muito importante da minha ideia de felicidade, pois além de me proporcionar liberdade financeira, sempre procurei dar um significado especial a ele. Ter amor pelas coisas que faço, nas relações que construo e pelo o que acredito é algo essencial para a minha sanidade. Foi assim quando me formei em publicidade e decidi que não queria trabalhar em agências e sim no Terceiro Setor, foi assim quando decidi me arriscar e ter um negócio próprio e está sendo assim para todos os planos que tenho feito para agora e para o futuro.

Por enquanto não ganho rios de dinheiro com as escolhas que fiz (e acredito que nunca ganharei), não é esse meu objetivo. Claro que quero ter uma vida que considero confortável, poder viajar e poder investir nas coisas que gosto e acredito.

Mas onde quero chegar é que a partir do momento que você opta por compartilhar algo sobre felicidade, principalmente se for com muita gente, você acaba criando uma certa responsabilidade. Quando você mostra o quanto é feliz ou contente com algo, você pode acabar gerando um sentimento e ansiedade e insatisfação nas pessoas que não têm o emprego que sonham ou não vivem da maneira que desejam (como descrito da entrevista que citei no início do texto e com isso concordo plenamente). E isso não se restringe só ao caso das pessoas que compartilham histórias de sucesso com o trabalho, vale para aqueles posts de viagens, festas e famílias perfeitas no Facebook, vale pra tudo que envolva mostrar o quanto você é feliz e bem sucedido.

Não vejo mal em compartilhar o que consideramos que seja felicidade, mas penso que talvez devamos fazer isso de um jeito um pouco menos egoísta e de alguma forma, incentivar as pessoas a também buscarem a felicidade dentro de suas possibilidades e anseios. E é por isso que sempre tento trazer algo de bom para cá :)

Sobre felicidade e trabalho

Pra mim o trabalho está sim associado à busca da felicidade, a começar pelo fato de o trabalho permitir que você ganhe dinheiro e tenha independência financeira. Demorei muito a saber o que é isso e por muitos anos fui angustiada pelo sentimento de impotência, de não saber mais o que fazer sem ter uma renda que me permitisse as coisas mais básicas. Hoje essa independência me dá possibilidades para que realize os desejos de viajar, comprar material para fazer coisinhas fofas, coisas para a casa e sustentar uma adolescente. Isso é importante para mim e é algo que sempre fez parte da minha ideia de um trabalho bem sucedido. E se dá para unir o últil ao agradável, por que não?

A opção por trabalhar com artesanato e com uma loja online foi uma escolha que levou tempo para se concretizar. Antes disso, trabalhei duro (e continuo!) e tive que abrir mão de muita coisa para ter minhas economias, com as quais me manteria nos primeiros meses de trabalho por conta própria. Por muitos meses, abri mão inclusive da minha satisfação no ambiente de trabalho, mas tive foco e cá estou. Apesar de mil ideias pipocarem a todo tempo, tento me manter persistente naquilo que decidi e se eu fosse parar para ver, viveria pulando de galho em galho quando o assunto é trabalho, pois sou curiosa, ansiosa e estou sempre com vontade de aprender/fazer algo novo.

Não é nada fácil trabalhar por conta própria. Trabalho com amor também dá trabalho! E muito. Principalmente porque muitas vezes as pessoas não pensam que para fazer artesanato e ter uma loja online, você não está livre de rotinas administrativas, de muitas contas e de impostos a pagar (ai, como eu tenho preguiça disso!). E tenho comentado sobre isso de forma recorrente por aqui. É preciso organização, foco e disciplina, o que nem sempre tive. Tem sido um exercício e tanto, e se por um acaso não der certo valerá pela experiência.

A escolha por artesanato não é somente por amor. Artesanato pra mim é uma atividade e tanto, com a qual sempre exercito meu cérebro e na qual a todo tempo mudo minha percepção de mundo e das coisas que me cercam, como descrito bonitinho aqui e também nos artigos que escrevi para o Compro de Quem Faz. 


E o que fica disso tudo é que é bom (não tenho dúvidas e nem ninguém tem) vivenciar o que traz felicidade, assumindo as responsabilidades que nos cabem e também sabendo que nem tudo é um mar de rosas.  O trabalho hoje é uma forma de empoderamento importante, principalmente para a mulher, o que é diferente de querer mostrar para os outros o quanto somos isso ou aquilo.

Além disso, estamos aqui para sermos felizes e vale tentar de toda forma que for possível, até encontrarmos a nossa fórmula da felicidade, mesmo que isso signifique arriscar muitas vezes, persistir até onde der e até mesmo desistir. Esse último item realmente é para os fortes.

Vamos falar sobre (des)organização?

por em Dona das Coisinhas
Já contei várias vezes por aqui que não sou das pessoas mais organizadas. Aliás, até poucos anos atrás, conseguia conviver muito bem com a bagunça e ausência de papéis e caderninhos para anotar as ideias e compromissos, só que de uns tempos pra cá isso mudou e mudou muito.
O home office como gosto que fique
Desde que finalmente consegui organizar o quarto do jeito que queria, é difícil demais conviver com ele bagunçado. É quase uma luta diária, ainda mais tendo uma adolescente bagunceira para dividi-lo comigo. Arrumo, arrumo, arrumo, mas sempre tem algo fora do lugar, só que já resolvi não ficar tão neurótica com isso (tenho medo de criar um TOC) e acabo me entregando a uma baguncinha ao menos nos fins de semana, que sempre é organizada na primeira oportunidade.
Além disso, não sei se por culpa da idade (tô ficando velha e desmemoriada) acabei adotando o hábito de ter sempre um (vários) caderninho para anotar tudo. Além do caderninho, sempre tenho vários papéis (que acabam virando bagunça), calendários mensais, semanais e até diários. Enfim, ainda estou à procura da melhor forma de organizar meu tempo e espaço e no meio de tudo isso acabei aprendendo muito sobre mim e sobre formas de organização.
Essa coisa de se organizar é muito pessoal, depende muito de cada um e às vezes o que funciona para mim pode não funcionar para você, mas como é de costume, sempre compartilho minhas descobertas não tão descobertas assim por aqui. Mesmo que as coisas estejam só engatinhando, pelo menos já comecei a mudar :)
Caderninhos
Bastidores que já saíram do papel

Uso os caderninhos para anotar coisas que considero importantes, não necessariamente compromissos. Anoto ideias para posts no blog, desenho algumas ideias que me vêm à cabeça, faço anotações, enfim, são um espaço de brainstorm. Daí quando falta uma inspiração, é hora de revê-los. Sempre tem muita coisa que faz a cabeça funcionar novamente e o legal é que mantendo uma agenda ou um calendário semanal, aos poucos você vai colocando as ideias anotadas nos caderninhos em prática.

Calendários
Ganhei um calendário de mesa da ONG onde trabalhava, mas ele só serve para dar uma olhada rápida quando preciso lembrar de alguma data. 
Calendário semanal semelhante ao que uso e disponível para baixar aqui
Para organizar as tarefas do dia a dia tenho usado calendários (ou planners) semanais, que a princípio eu mesma faço usando uma folha de rascunho (a ecológica, né) e régua. Uma coisa que tenho observado é que acabo concentrando muitas tarefas nos primeiros dias da semana e nem sempre dou conta de cumprir tudo, aí acabo remanejando as coisas. Sinal de que preciso me organizar melhor ainda.
Adoro os calendários mensais do Não Me Mande Flores – Baixe o de Fevereiro aqui
O calendário mensal é ideal para anotar aquelas coisas que precisamos fazer todo mês ou com certa frequência, como por exemplo: contas a vencer, dia de controle de estoque, fluxo de caixa, posts do blog por categoria, datas importantes (aniversários, datas comemorativas). Depois de fazer um planejamento geral do mês, vou transferindo as tarefas pro calendário semanal, que fica sempre em cima da mesa. Assim é difícil deixar algo passar batido.
O melhor dos calendários é que na internet você encontra vários modelos disponíveis para baixar :D Esse post da Jess está cheio de calendários e planners fofos para escolher!
Fichas e planilhas

Sempre lidei muito bem com as anotações no papel desde que comecei a fazê-las, foi a melhor forma que encontrei de me organizar e isso ficou claro nesse post, né? Confesso que não sei lidar muito bem com planilhas, arquivos digitais e esses aplicativos para se organizar, então o papel sempre me salva. Claro que para planilhas mais detalhadas me esforço para usar o Excel, mas sempre faço um resumo nas fichinhas. O bom do papel é que ele sempre fica à vista.
Menos computador, mais foco

Outra coisa que me desorganiza a vida é a tal da internet. Um paradoxo, né? Visto que trabalho na maior parte do tempo pela internet. Mas quem vive assim bem sabe que sempre aparece algo para distrair a gente: você lembra daquele produto que viu em tal site, lembra que tem tal blog que você não lê há muito tempo e lembra das redes sociais, que acabam sugando nosso tempo de post em post, sem que percebamos.

Então estou tentando lutar contra essa força oculta que me puxa na direção do desperdício de tempo à frente do computador, que não é pouco!

O legal de compartilhar isso aqui, é que eu acredito que aconteça com mais pessoas. Tem dias que o trabalho não rende nada e quando paramos, vemos que já se foram horas sem perceber no celular ou no computador.

Planejamento é bom, mas ao meu ver, ainda tem que ser flexível e não tão rigoroso, pra dar tempo de ter aquela liberdade que a gente tanto quer quando decide organizar o próprio tempo e trabalho, pra poder ir ali na esquina tomar um sorvete ou dar um mergulho de tarde. E a disciplina está aí para isso, pra mostrar que se seguimos aquilo que nos propomos direitinho, sempre sobra um tempinho. Ainda estou aprendendo como se faz isso, mas acho que estou no caminho certo ;)

❤ De volta e com a corda toda ❤

por em amor, Dona das Coisinhas
Para falar a verdade, gostaria que esse post tivesse saído logo no dia 1º de Janeiro, quando começa o ano novo de muita gente. O meu ano novo começa dia 02, no dia do aniversário da minha pequena e o do blog, bem, o do blog começa amanhã, quando ele completa 02 aninhos <3 Então estamos adiantados! Oba!
Foto postada ontem no Instagram e que ilustra bem a alegria de: poder trabalhar de saia haha

Até o dia 20 de dezembro trabalhei num ritmo maluco e intenso. Tentei dar conta do até então trabalho de 08 horas fora de casa, do blog e da lojinha, mas chegou uma hora em que acabei perdendo o fio da meada, principalmente aqui no blog, que tadinho, é sempre o mais prejudicado. Parei para dar aquela respirada e agora estou de volta! E com a corda toda!

Pra começar bem o ano: descanso e pôr do sol colorido (olhe as nuvenzinhas em cima)

O melhor de tudo é que hoje (na verdade já contei antes, mas agora é oficial), conto para vocês que estou realizando um sonho nessa minha primeira semana de trabalho por conta própria, algo que tanto desejei e busquei nesses últimos dois anos da minha vida. O sonho é esse mesmo, trabalhar diretamente do meu home office em horário integral, cuidando do blog, da lojinha e de outras oportunidades que têm surgido. O trabalho não é só no home office, mas também nos Correios, em lojinhas de aviamento ou na sorveteria mais próxima, tomando um açaí com a menina linda que é minha companheira de trabalho desde segunda, a Mari, minha filha.

Parede do home office querido: Desenhos da Mari, meus e da Rayani Melo, lembranças de pessoas queridas e de viagens 

Muito a gente lê sobre mães com filhos bem pequenos que passam a trabalhar de casa após descobrirem que dá para conciliar um trabalho por conta própria e maternidade, mas no meu caso, a conciliação é para cuidar de uma adolescente e também de mim mesma. Pois é, muitas coisas na minha vida foram precoces demais e outras digo que mais demoradas, mas não atrasadas, pois foram coisas que levaram o tempo necessário e chegaram na hora certa, junto de um amadurecimento pessoal e profissional. Foi um caminho que construí e percorri ao longo desses anos e muito disso compartilhei por aqui. Altos e baixos e tudo isso me fez crescer, sempre tentando me tornar uma pessoa mais consciente.

Hoje minha filha tem 13 anos recém completos e eu estou extremamente feliz por ter a oportunidade de passar mais tempo junto dela (e ainda trabalhando) em um momento em que nos damos tão bem e estamos construindo juntas coisas tão valiosas. Nunca é tarde para tentar de novo, nunca é tarde para se dar ao prazer de realizar os sonhos e caminhar com as próprias pernas, pois é assim que me sinto, pela primeira vez na vida. 
Detalhe: a mãe não sabe desenhar um diamante. A filha sabe.

Com 28 anos, às vezes penso que essa caminhada demorou demais para chegar a esse ponto onde me sinto quase independente (eu disse quase, pois ainda faltam coisas das quais preciso desapegar – tipo a casa da minha vó) mas aqui vale o ditado de que “cada um é cada um”, aquela história de que cada um tem seu ritmo e todas aquelas outras coisas que muitas vezes podem soar como uma desculpa para coisas não feitas. Mas se tenho consciência de uma coisa é que muito fiz para chegar até aqui. Nada grandioso, mas algo do qual me orgulho, pois consegui ter foco, determinação e unir minha vontade de trabalhar de casa e ter mais tempo para cuidar da minha filha com minhas paixões por escrever, por esse blog, por minha lojinha e pelo artesanato.

Coisinhas e mais coisinhas <3

Isso ainda vai render “pano pra manga” aqui no blog, pois sempre fico contente quando alguém diz que se inspira nessa minha história para dar seus próprios passos (até chorei lendo esse post da Ju) e isso me empolga na hora de escrever. Nem vou vir com esse papo de que não quero nada em troca, pois quem faz um blog, além de fazer por amor (como este blog e muitos outros que conheço), gosta de ter o reconhecimento de um trabalho bem feito e não é vergonha nenhuma assumir isso. 

Quero falar mais sobre como é trabalhar de casa, ter uma lojinha e um blog, e claro, compartilhar muitas dicas com quem está começando. Já tenho algumas ideias em mente e aos poucos vou colocando por aqui, agora com menos enrolação, pois teoricamente tenho TEMPO!

Porque todo mundo quer liberdade e independência

E como já disse muitas vezes, sou muito grata e feliz por ser quem eu sou, por estar onde estou (e agora só falta você, iê, iê) e por ter uma família que sempre me apoiou, sem querer nada em troca. E sou grata demais a vocês que sempre passam por aqui e deixam o carinho e a reciprocidade registrados, fazem meu coração se encher de alegria todos os dias.