10 motivos para conhecer o Pará
Há duas semanas cheguei de uma viagem incrível ao Pará, uma viagem que por descuido quase não aconteceu, apesar de que já vinha sendo planejada há tempos. Agora eu fico pensando se tivesse perdido isso tudo, que besteira enorme seria. A maior sensação que tive durante a viagem é de que o Pará é quase um país à parte do resto Brasil, principalmente por ser tão rico em cultura, em diversidade e em natureza. Bom, mas esses daí já são alguns motivos que eu vou te contar porque você deve conhecer o Pará, quer saber?
1 – Você vai se sentir em casa
A melhor experiência de viagem que já tive em encontrar pessoas legais e atenciosas foi durante os 7 dias que passamos no Pará. Nunca antes na minha vida havia encontrado pessoas nas ruas, nos mercados, nas lojas, pessoas tão preocupadas em dar informações e tratar bem os outros. Claro que como em todo lugar em que o ser humano está, também existem pessoas não tão legais (como a pessoa que bateu a carteira do Tiago no meio de um evento do Círio de Nazaré), mas isso não desfez a nossa boa impressão do povo paraense (a gente mora no Rio de Janeiro), que em sua grandissíssima maioria nos acolheu com carinho e hospitalidade.
2 – A Culinária
Essa merece até um capítulo à parte, mas já conto para vocês que a culinária paraense é rica, saborosa e exótica. Está para surgir outro lugar no mundo onde se encontre tanta barraquinha de comidas típicas pelas calçadas. Em qualquer lugar da cidade que você vá, tem uma barraquinha alguma coisa pra comer. Nós comemos em várias e confesso que uma preocupação que tenho quando como na rua é a de passar mal depois, já que em toda viagem que fazemos, isso é certeiro. Mas no Pará isso não aconteceu :D
Conhecer o mercado Ver-o-Peso aqui é item indispensável! Lá tem de tudo e os vendedores são umas figuras. Paramos em várias bancas, ouvimos muitas histórias e experimentamos de tudo um pouco.
Provamos também todos os pratos típicos que pudemos: tudo o que tinha jambu no meio, inclusive a cachaça – o Jambu é uma folha muito usada na culinária paraense e que quando mastigada, dá uma sensação de dormência misturada com frescor na boca. Tacacá, Maniçoba, Pato no Tucupi, Arroz Parense, muita Tapioca, Bolo de Tapioca, muito Cupuaçu em forma de creme, sucos, bombons e sorvete, muita castanha do Pará, a Torta Paraense e por aí foi. Cada prato era uma surpresa e no nosso último dia ainda pudemos aproveitar um típico dia de Círio e a convite da Deillane, jantamos em um lar paraense com muita fartura.
3 – A Música
Foi a música a principal motivação dessa viagem e chegando lá, não podia deixar de ser diferente que fossemos aproveitar tudo o que estivesse relacionado à música paraense. São muitos ritmos típicos do estado e os que mais nos encantam são o Carimbó, o Siriá, a Guitarrada, o Brega e a Lambada, tudo com muita influência caribenha, que a gente adora. Já contei pra vocês que tenho quase certeza que em outra encarnação devo ter vivido por essas bandas? hahaha
Também conhecemos o Lundu Marajoara e achamos bastante curioso. Segundo o vocalista da banda do Ballet Folclórico da Amazônia, o Lundu foi o primeiro ritmo afrobrasileiro (e ainda com muitas influências portuguesas) de roda a ser cantado. Porém, o ritmo pode não agradar muito a quem preserva a moral e os bons costumes, já que sua dança é bem apimentada, com rebolados e “umbigadas” que imitam o ato sexual.
4 – A Dança
Não tem como não se encantar com a dança paraense, principalmente com as saias rodadas que remexem em qualquer ritmo. E tendo uma música tão rica, não é de se estranhar que a dança também seja. Vou contar pra vocês que até eu que não sou lá das melhores dançarinas me joguei nos ritmos paraenses e saí de lá desejando muito uma saia beeeem grande e rodada para dançar até não aguentar mais. Uma dica imperdível para quem estiver em Belém numa quinta feira, é ir na Quintarrada, festa que acontece no Bar Templários, no Centro. Foi lá que tivemos a oportunidade de ver shows ao vivo, inclusive do Rei do Carimbó, o Pinduca. Ainda teve show de brega com a vocalista da banda Fruto Sensual e DJ Dinho, que comanda as famosas festas de aparelhagem que acontecem na periferia, onde o Tecnobrega Melody rola solto.
4 – O Pôr do sol
Em Belém, o pôr do sol no Rio Amazonas é de cair o queixo e os melhores lugares para apreciar esse espetáculo são o Forte e o Ver-o-Rio. Já na Ilha de Algodoal, vimos o pôr do sol mais incrível de nossas vidas, com o sol formando aquela bola gigante no horinzonte, que era uma mistura de rio, com mar e floresta.
5 – Ilha de Algodoal
A Ilha de Algodoal foi nosso único ponto de parada além de Belém, mas temos certeza de que foi um ponto muito bem escolhido. A ilha é quase deserta durante os dias de semana, o povo simples e acolhedor e as paisagens translumbrantes! Aqui vimos a noite mais estrelada de nossas vidas, onde dava para ver a Via Láctea cortando o céu de lado a lado. Eu não podia acreditar que estava vendo aquilo, mas era verdade! E ainda vi um ovni, como de costume e uma estrela cadente GIGANTE, tão grande que até pensei que fosse um meteoro destruindo a Terra. hahaha
As praias da Ilha também são lindas, com destaque para a Praia da Princesa (que tem esse nome pis dois pescadores contam que viram uma mulher linda e misteriosa na praia durante a noite e de repente ela desapareceu. Reza a lenda que esses homens ficaram ricos e quem avistar a princesa na praia, também ficará) com 14km de extensão, areia branquinha, cheia de Dunas e pequenas piscinas naturais. As praias perto da Vila de Algodoal são mais calminhas, pois são de rio e ficam lindas no fim de tarde.
Como tivemos só um dia por lá, não pudemos ver muito além, mas o que vimos já foi suficiente para nos encantar. A certeza de que ficou é que teremos que voltar em breve, para revisitar não só a Ilha de Algodoal, mas também conhecer outros lugares como a Ilha de Marajó (achávamos que era pertinho de Belém, mas é looonge!) e Alter do Chão.
6 – Nosso grande Rio Amazonas
A gente muito escuta falar e aprende sobre o Rio Amazonas no colégio, mas vê-lo de perto é uma experiência única e emocionante. Ele é gigante, tem ondas, enche e esvazia num piscar de olhos, é rico em vida, em natureza. Enfim, só vendo e sentindo para saber. Como disse, vamos voltar e ainda queremos uma viagem de barco de pelo menos 3 dias pelo Rio.
7 – Círio de Nazaré
Escolhemos a data da nossa viagem coincidindo com o Círio de Nazaré, que é considerado uma das maiores manifestações culturais e religiosas do Brasil e do mundo. Belém para nos dias que antecedem o Círio e tudo fica voltado para festividade. Mesmo nos Bancos e agências dos Correios em greve, os funcionários estavam presentes enfeitando tudo para a passagem da Santa. Naza, Nazarezinha, Nazinha, Minha Mãe, Mãezinha (esses são apenas alguns dos apelidos usados pelos paraenses para a Virgem de Nazaré).
8 – As festas que não acabam
Antes de ir para Belém, achava que o Círio durava apensas um dia. Mas durante toda a semana houveram cortejos e festas do Círio e os que mais gostamos de ver foram o Auto do Círio, que aconteceu na sexta feira de noite e é como um bloco de Carnaval, misturado com escola de samba e trio elétrico. O cortejo passa pela Cidade Velha e faz várias paradas no trajeto e a cada parada começa a tocar um rimo diferente: samba, axé, carimbó, músicas de roda. E como acontece de noite, longe do calor estonteante do dia, é uma das comemorações mais agradáveis de se presenciar. O Auto do Círio mistura o sagrado e o profano e é surreal ver aquilo tudo acontecendo em uma festa católica.
O Arrastão do Círio, comandado pelo Arraial da Pavulagem, que acontece no dia anterior ao Círio e também é super bacana. No cortejo tem muito batuque, gente fantasiada, boi-bumbá, carimbó, xote, lundu e mais um monte de ritmos.
No domingo foi o grande dia do Círio de Nazaré, a procissão religiosa gigantesca para levar a Nossa Senhora de Nazaré até a Basílica. Ficamos impressionados com a fé das pessoas, com o esforço que fazem para cumprir as promessas e encostarem na corda da Nossa Senhora, que vai amontoada de gente. É uma festa bonita e apesar de não sermos religiosos, pensamos que todo mundo deve ver ao menos uma vez na vida. É uma experiência antropológica.
9 – A Diversidade
Com tanta coisa incrível e beirando o surreal, não há como negar que o Pará é um dos lugares com maior diversidade que já vimos. O povo é uma mistura de índios, negros e brancos (em Belém, acrescente ainda o japonês). A natureza, a música, a dança, a comida, é tudo muito rico e especial no Pará. Ao mesmo tempo que você está numa cidade grande, você está próximo de uma comunidade ribeirinha típica de interior. Tem muita história, tem religião, tem mistura, enfim. É o Pará!
10 – O Pará é o Pará!
Acho que será difícil encontrar algum lugar que se pareça com o Pará. O clima quente e úmido, as pessoas prestativas e felizes, simples no modo de ser e viver, tanta beleza natural e muita comida gostosa (apesar de algumas serem bem exóticas). Belém tem tudo para ser uma cidade ainda mais turística do que já é, mas ainda falta cuidado por parte dos governantes. São muitos prédios, praças, igrejas e locais públicos cheios de história pra contar e quase caindo aos pedaços, cheios de pichação e sujeira. Mas isso vai melhorar, tenho fé! E mesmo com tudo isso, ainda vale MUITO a pena :)
Já temos certeza que voltaremos para conhecer outros lugares por lá, como Alter do Chão, que precisou ficar de fora do roteiro pelo tempo curto e Ilha de Marajó, que a gente achava que era pertinho de Belém, mas não é! São 4 horas de barco e para conhecer um pouquinho da ilha são precisos pelo menos 3 dias!