3 anos Toda Coisinha (tem festinha!)

por em amor, Empreendedorismo Criativo, Toda Coisinha

Nesse mês de novembro completaram 3 anos desde o dia em que dei o primeiro passo para realizar um sonho e e falar sobre isso nessa data soa até repetitivo, pois muitos sentimentos se mantêm intactos e outros seguem junto se transformando (putz, reli tudo e vi como falo de mudança e transformação) a cada dia. Fica até perigoso repetir o post do ano passado, mesmo com tanta coisa diferente e ao mesmo tempo igual. Dá pra entender?

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Bolo de cogumelo

Bem disse que a palavra desse ano 3 da toda coisinha seria transformação e posso garantir que assim tem sido. – olha a danada me perseguindo – Produzi como nunca nesse último (mais uma vez), alcancei uma certa estabilidade mas que ainda precisa ser melhorada para trazer mais abundância (adoro essa palavra) para os meus dias. Vejo como o tempo é o melhor amigo de tudo nessa vida, de toda ansiedade e de toda incerteza. E também é amigo dos sentimentos bons, do amor que se multiplica e do meu trabalho, que segundo uma avaliação muito pessoal, rsrs, tem evoluído com essência.

colar noite estrelada no sertão1

Paixões Adentro – tem coleção nova vindo também

Mudar tanto às vezes dói um pouco, sabe? Nem sempre é fácil abandonar coisas que já foram boas, mas que hoje não se encaixam tão bem na rotina, nem nos anseios e que mesmo assim continuam sendo agradáveis. Também não é fácil lidar com frustração e com rejeição, e isso acontece mais do que imaginam. Não consigo abraçar tudo de uma vez e é preciso escolher. Mudar traz incerteza e traz também insegurança, mas traz também uma sensação de satisfação que nunca seria alcançada se eu continuasse sempre no mesmo lugar, fazendo as mesmas coisas e isso tudo acaba apagando sentimentos negativos que por vezes surgem. Sigo firme mantendo aquele segredinho tentar nunca parar e sempre aprender e tentar algo novo.

pulseira amanita linda

Cogumelos que nunca me abandonam

Para o ano 4 da Toda Coisinha já tem notícia boa vindo e um friozinho danado de bom na barriga – tem também uma certa insegurança que será mandada pro beleléu. Nos últimos meses tenho estudado joalheria artesanal e criado vários projetinhos que pretendem se tornar uma linha especial de jóias na loja. O foco, como já tem sido último ano, será nos acessórios carregados de significado e afeto. Não quero abandonar outras criações e por isso continuaremos com quadrinhos, itens de papelaria e decoração o mais autorais e cheios de amor possível.

Ainda acredito que o amor pode transformar o mundo num lugar mais bonito e sigo trabalhando para isso. Assim, meu desejo ressignificar simples acessórios e a relação das pessoas com o afeto que cada peça carrega. Sigamos firmes nesse propósito <3

arco iris e uniAhhhh! E até amanhã cedinho (quinta feira, 10/11), tem Festinha do frete Grátis e você está convidada/o! É só usar o cupom “feliz3anos” ao finalizar sua compra na www.todacoisinha.com e ganhar frete grátis via PAC nas compras a partir de 80 dinheiros!

festinha do frete

E claro, já reli os posts das comemorações anteriores, ri da minha cara, tive vontade de enfiar a cabeça num buraco, mas sigo de cabeça erguida e desejando mais transformação enquanto for necessário.

Quer relembrar também?

http://dascoisinhas.com/2013/11/hoje-eu-to-toda-coisinha/

http://dascoisinhas.com/2014/11/faz-1-ano-que-to-toda-coisinha/

http://dascoisinhas.com/2015/11/2-anos-de-toda-coisinha/

Beijinhos,

Zizi

Dicas para organizar as ideias no papel

No sábado passado tive a alegria de ver meu trabalhado criativo na Toda Coisinha ser compartilhado no perfil do Instagram Brasil. Não bastasse publicarem uma mini entrevista e mostrar um dos colares da loja, o pessoal ainda me pediu para contar um pouquinho da minha rotina criativa, de como um produto é elaborado aqui na casa ateliê, tudo isso em forma de videozinhos que foram publicados nas stories do perfil deles. Os vídeos só ficaram no ar por 24 horas, mas recebi um retorno tão bacana que resolvi falar mais um pouco sobre isso aqui.

caderninhos de organização

O pessoal adorou meus caderninhos de organizar ideias que mostrei nesse clipe. Pois é, tenho vários caderninhos de inspiração para organizar as ideias, pois assim não perco a maioria delas, guardo para usar em outros momentos ou simplesmente para me lembrar de alguns objetivos. Eles me ajudam muito no dia a dia, mantêm minha relação afetiva com papel e escrita e sem dúvidas, somam mais pontos positivos do que negativos à minha rotina (falo desses pontos negativos no final do texto).

Os meus principais caderninhos são:

1- Caderninho de desenhos de peças para a Toda Coisinha

caderninho desenhos

Nesse caderno que ganhei de presente do pessoal da Cícero Papelaria, desenho (ao menos tento) as ideias de peças para novas coleções e faço alguns estudos. Também anoto”receitas”, medidas e peças feitas sob encomenda.

Cada coleção da loja é baseada em um tema diferente, então tenho coleções principalmente de acessórios para anos já desenhadas nesse caderno. A cabeça aqui não para! Como não sou uma máquina, não consigo colocar tudo em prática, mas sempre acabo revendo as ideias e vez ou outra reaproveito alguma que já foi usada antes e acabo por descartar outras.

2 – Caderninho de desejos para a casa

Talvez esse caderninho pudesse se chamar caderninho das coisas que não fiz hahaha quando me mudei para o Rio no início do ano passado, planejei no caderninho as coisas que queria para cada cômodo da casa: móveis, projetinhos de Faça Você Mesmo, utensílios que precisava… mas as coisas caminham tão lentamente que nem sei se posso dizer que a passos de tartaruga, pois elas andam mais rápido. A vida aqui desde então tem sido cheia de surpresas e adaptações, e apesar da frustração que sinto quando olho esse caderninho, não desisto dele. Cuidar do meu cantinho do jeito que posso me faz sentir bem, mesmo que esse jeito não seja o que eu havia planejado. Mais uma prova de que planejar não faz as coisas acontecerem. É preciso ação, muita ação e às vezes a gente simplesmente não dá conta, mas também não desiste (se um dia eu desistir, me internem).

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Na ordem: Gratidão, Casa e caderninho ainda sem uso. Ganhei todos de brinde de amigos e parceiros.

3 – Caderninho da Gratidão

Um dia desses eu estava muito pra baixo. Olhava à minha volta e não conseguia ter pensamentos positivos mesmo sabendo que eu tinha MUITO ao que ser grata. Parece um egoísmo danado ter tanto e ainda sentir que precisa de mais. Eu não gosto de me sentir assim e tenho pensado que “ter” é um poço sem fundo – quanto mais temos, mais queremos. Pensado que a gente precisa “ser” mais. Ser mais grato, mais humilde, menos exigente. Isso tem me estimulado inclusive a fazer uma grande limpa na minha vida e na casa.

O caderninho da gratidão é quase sempre um alívio imediato para esses momentos bad vibes rsrs eu simplesmente peguei um caderninho em branco e comecei a listar as coisas que me deixam feliz. E fiquei feliz!

Para organizar inspirações

Ideias e inspirações estão sempre juntas, mas são coisas diferentes para mim. Uma ideia só surge quando tenho inspirações bem claras e querendo ou não, isso acaba acontecendo a todo momento. Além das coisas do meu dia a dia, como as paisagens, situações, pessoas, músicas e poesias, a internet também me inspira muito. E nela as minhas principais fontes de inspiração são o Pinterst e o Instagram.

No Pinterest crio painéis para cada tema que me inspira e desperta algo de bom e o melhor de lá é que não há limites para esses painéis. Uso também os painéis secretos para guardar referências para projetos mais pessoais e que nem sempre quero compartilhar na rede.

O Instagram é como um alimento diário para as ideias. Vez ou outra começo a seguir vários perfis que vão surgindo através de recomendações e já descobri muitos trabalhos encantadores de ilustradores, bordadeiras, lojas e fazedores de coisinhas que nem eu. Sempre busco por perfis que tenham a ver com as coisas que gosto ou gostaria de fazer e uma das horas mais gostosas do dia é sentar para tomar um cafezinho e bisbilhotar o Instagram.

Colocar em ação

Quando a ideia precisa acontecer, é hora de planejar de verdade com tempo e cronograma. Nessas horas recorro à tradicional agenda de papel (a que uso é a da La Pomme que aparece na primeira foto do post). Ainda sou muito apegada a escrever e não consigo organizar minhas tarefas em agendas virtuais, não mesmo, não tenho disciplina pra isso e quero continuar não tendo, pois a agenda de papel me traz uma sensação única, algo misturado com nostalgia e uma vontade maior de fazer o que se coloca no papel. Vou agrupando as tarefas e compromissos do dia a dia com a execução de ideias e projetos. Por exemplo: toda terça feira é dia de cuidar das encomendas e ir aos Correios, quarta feira é dia de curso e de escrever posts no blog e sexta é dia de me dedicar a projetos paralelos e pessoais. E aí vou encaixando idas ao mercado, consultas e produção junto disso.

Aproveitando, olha só que coisa maravilhosa as Agendas 2017 da Amanda Mol! <3 Estou encantada!

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Planner

Já tentei muitas vezes usar planners, sempre esses mensais de folhas soltas. Já comprei, já baixei, mas sempre acabo me perdendo e prefiro usar a agenda. Mas ultimamente tenho visto tantos planners incríveis e lindos, que estou tentada, muito tentada a usar um no próximo ano.

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Foto: Meg & Meg

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Planner da Meg & Meg

Me encantei pelos planners da Meg & Meg.

E já sou apaixonada pelos planners da La Pomme desde que foram lançados e o mais legal é que a loja oferece várias opções de personalização de estampa, nome e mais um monte de coisas. Além da Evinha ser uma querida <3

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Meu Querido Planner, da La Pomme

Usar os caderninhos, agendas e planners pode ser um método maravilhoso de organizar as ideias e se planejar, mas algumas vezes acaba sendo frustrante quando a gente não consegue tirar o tanto de ideias quanto gostaria do papel. Sabendo disso, uma coisa é certa: a melhor forma de organizar as ideias é fazê-las acontecerem!

De que vale um tanto de ideia no papel se elas não trazem retorno e satisfação, não é?

Era pra ser só um post com dicas simples, mas acabou virando uma grande reflexão pessoal. Mais uma prova de o quanto esses caderninhos realmente ajudam!

E então? Gostou do post? Deixa um comentário <3

Perfis incríveis do Instagram para apaixonados por cogumelos

por em amor, Dona das Coisinhas, Inspira Ação

Desde que o blog nasceu, a paixão por cogumelos é assunto recorrente. Não canso deles e isso já acabou se tornando parte de mim, parte de como as pessoas me enxergam e parte do meu dia a dia. Vira e mexe reviro os posts antigos e vejo como esse assunto não saiu mais da minha vida e foi evoluindo ao longo dos anos. No começo eram cogumelos fofinhos, de pano, de porcelana, de madeira, de todo tipo que até hoje estão espalhados pela casa inteira, tantos que nem sei mais a conta.

Laccaria amethysteo-occidentalis

Laccaria amethysteo-occidentalis

Com o tempo e com a experiência da Toda Coisinha, comecei a modelar pequenos cogumelos que fazem parte dos pequenos mundos que crio por lá. Disso surgiu a curiosidade de saber mais, a vontade de conhecer melhor aquilo que eu já tratava com paixão. Comecei a ler sobre o Reino Fungi – tão único e encantador, mas que não é formado só por cogumelos – em sites e blogs, passei a comprar livros e nas redes sociais descobri que não estou sozinha nessa e que existe uma comunidade enorme de pessoas que compartilham dessa admiração. No Instagram principalmente, sigo alguns perfis que me deixam sempre com os olhinhos brilhando.

Um dos meus perfis favoritos é o da @bean_mama. As fotos são incríveis, delicadas e com um olhar feminino sobre esses serezinhos que crescem nas sombras das florestas úmidas.

Olha só o que eu tô falando:

Captura de Tela 2016-10-12 às 12.02.31 Captura de Tela 2016-10-12 às 12.02.47 O perfil @nature_nrd também é lindo! Por lá encontramos musgos, cogumelos e outros pedaços de pequenos universos criados com a ajuda do Reino Fungi.

Captura de Tela 2016-10-12 às 12.14.37 Captura de Tela 2016-10-12 às 12.15.08Essas pequenas paixões reacendem minha conexão comigo mesma e no caso dos cogumelos, com a natureza. Cada dia que passa descubro novos cogumelos, novos usos para os mesmo e fica impossível não manter o encantamento.

Uma curiosidade é que os estudos do Reino Fungi sempre estiveram associados à botânica, mas pesquisas recentes mostram que não é possível definir se os integrantes desse reino são plantas ou são animais. Como disse, são únicos! E chamam minha atenção sem dó! Quanto mais tento ler e entender, mais tenho a certeza que sei pouco, muito pouco.

Olha o perfil @thefriendlyfungus <3 Mais uma vez o olhar feminino e delicado botando pra quebrar nas fotos. Anna vive na região da Bahia de São Francisco, nos EUA e por lá captura todas essas formosuras.
Captura de Tela 2016-10-12 às 12.15.52 Captura de Tela 2016-10-12 às 12.15.20

O que mais me apaixona é essa “coisa” que os cogumelos têm de estarem associados a mundos mágicos. Além das estórias e contos de fadas, sem dúvidas isso deve ser parte de todo o mistério que rodeia o Reino Fungi, que nem sempre é visível aos olhos, mas que quando aparece é sempre surpreendente. Ah! Eu também adoro o sabor das espécies comestíveis!

O perfil @themagicofmushrooms também fala sobre essa magia por meio de fotos lúdicas e com um toque de mistério <3

Captura de Tela 2016-10-12 às 12.16.59 Captura de Tela 2016-10-12 às 12.17.43

Ainda tem o @mushroomsociety, onde é possível explorar as fotos de caçadores de cogumelos ao redor do mundo e tem até um aplicativo para identificar espécies, porém só para espécies da América do Norte :(

Infelizmente não encontrei perfis brasileiros de exploradores de cogumelos, mas encontrei bastante produtores das espécies comestíveis. O Instituto ATA (do chef Alex Atala) junto de fundações e dos índios Yanomamis fazem um estudo super interessante sobre as espécies comestíveis brasileiras. Já existe até um livro publicado (o primeiro sobre cogumelos comestíveis do Brasil) <3

Por aqui esses fungos ainda são muito associados a alucinógenos, inclusive quase toda vez que conto a alguém da minha paixão pelos cogumelos rola aquela brincadeirinha do “você curte um chá, né!”.  Não, infelizmente não é disso que eu tô falando, mas isso está mudando.

Ativismo e Crochê ❤️ com Dolorez

por em amor, Inspira Ação

A união da técnica milenar do crochê e ideias materializadas em forma de arte foi o que mais me encantou quando conheci o trabalho da Karen, que assina suas obras como Dolorez. A artista visual, natural de Bauru e residente em São Paulo Capital, usa as linhas e as tramas como forma de levantar questionamentos relacionados a ocupação de espaços públicos, à sociedade, à arte de guerrilha, ao feminismo e ao amor.

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Foto: Lucas Hirai

Através de suas obras e pesquisas sobre o resgate da mulher tecelã na história e na mitologia, Dolorez cria uma relação interna onde o papel da mulher na arte contemporânea dialoga com a mulher da história, ambas utilizando o ato de tecer como forma de expressão e militância.

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Parte da baguncinha que fizemos aqui no RJ

Tive a oportunidade de conhecer a Karen pessoalmente durante sua passagem aqui no Rio de Janeiro. Foi uma manhã muito divertida com outras minas, onde juntas criamos um painel em crochê que foi colocado em uma grade no Parque do Patins, na Lagoa Rodrigo de Freitas. Conversamos muito sobre ativismo, feminismo, o papel da mulher na história e na sociedade de hoje. Depois disso, fiz essa entrevista com a Karen para ela contar pra gente um pouquinho mais sobre ela e sobre esse trabalho que enche os olhos e o coração <3

Zizi: Por quê o crochê? E como surgiu o trabalho da Dolorez?

Dolorez: Sou formada em design editorial e trabalhei na área por aproximadamente nove anos. Moro em SP há seis anos. Depois de cerca de dois anos trabalhando como designer, entrei em algumas crises profissionais e passei a questionar muito meu modo de vida, de trabalho, onde e como gostaria de estar, de fato, trabalhando. Foi quando voltei a fazer crochê, pois já havia aprendido com minha mãe na infância. Aos poucos fui encontrando um caminho e no crochê uma forma de me expressar também.

Visceral2-largo da batata-spO meu primeiro trabalho já foi na rua. Comecei com pequenas intervenções e fui evoluindo o trabalho com algumas parcerias. Quando fiz o projeto de graffiti com os grafiteiros Felipe Primat e Julio Falaman, passei bastante tempo na rua, fazendo a instalação do trabalho e interagindo com as pessoas. A partir daí, meu gosto pelas instalações na cidade cresceram e comecei a espalhar frases, desenhos, coisas que me inspiravam de alguma maneira e que queria colocar para fora. A partir dai criei o projeto “A rua é minha tela”, que consiste nos desenhos e frases em murais e painéis pelas cidades. Hoje em dia, a maioria dos meus trabalhos são relacionados a ocupação de espaços públicos, arte de guerrilha e empoderamento feminino.

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Foto: Renata Ottoni

A rua é um contato direto e muito sensível que temos com as pessoas durante o processo. A experiência de poder conversar com todo tipo de pessoa que passa por ali é muito agregadora. Quando comecei a colocar os crochês nas ruas, eu não sabia exatamente pra onde estava indo. Foi um processo muito intuitivo que foi surgindo e amadurecendo. Eu acho que usar o crochê de forma “agressiva” com o street art é uma forma de questionar os padrões da sociedade também. Quebrar conceitos e rótulos, como o crochê é só de vovó e só serve pra fazer roupas ou tapetes.

Além do projeto “A rua é minha tela” também desenvolvi, em parceria com o fotógrafo Lucas Hirai (e também meu companheiro), o projeto “#asfloresdapele”: A intervenção une fotografia e crochê e traz para as ruas um ensaio com mulheres incríveis. No formato de “lambe-lambe” com a aplicação de flores de crochê, essas imagens foram espalhadas por São Paulo.  O nome do projeto é uma referência a expressão “à flor da pele”, que nesse caso, representa um sentimento latente, presente nas mulheres. Todas tem algo a manifestar. Nele, o próprio corpo foi utilizado como expressão, quando na maioria das vezes, é visto de forma sempre erotizada e não natural. As fotos colocadas na cidade de forma direta, dão luz para que esses sentimentos brotem e se expressem de forma orgânica.

sereia-arco do telees RJZizi:  Quais as suas principais fontes de inspiração? 

Dolorez: O feminino e feminismo sempre fizeram parte de mim e é muito importante poder colocar eles pra fora. Gosto de poder expressar minhas angústias com esses temas e de alguma maneira perceber que o trabalho toca outras pessoas também e até conscientiza.

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As Flores da Pele – Foto: Nick Gomes

Qualquer coisa pode inspirar.. músicas, poesias, livros, textos que leio na internet, conversas com pessoas, olhares, histórias. Ultimamente, coisas que me revoltam também tem servido de inspiração. Nesses caso, eu tento não expressar com raiva ou de maneira negativa, e sim, de maneira positiva, justamente, negando o que fazemos muitas vezes por impulso. Infelizmente, nós vivemos numa sociedade onde é cultural agir de forma agressiva e violenta, insultar pra nos defender. Então eu tento fazer de modo oposto, mostrar o que acho importante de maneira positiva, para que as pessoas vejam que há outras maneiras de nos defender, deixando o ego e a raiva de lado, fazendo surgir uma coisa maior do que essas que revoltam.

Também é uma maneira de “liberar” o que sinto. Eu trabalho isso dentro da minha casa e quando coloco na rua é como se eu liberasse, colocasse pra fora aqueles sentimentos e os deixassem ir.

A luta contra o machismo é um tema sempre presente nos meus trabalhos. Todos os dias lidamos com assédio e somos ignoradas, caladas. A minha intenção com os trabalhos de cunho ativista é não só me expressar mas também conscientizar, unir pessoas com as mesmas opiniões, encorajar mulheres a gritarem e falarem de seus abusos também e se ajudarem.

Processed with VSCO with kk1 presetZizi: Através dos seu trabalho, qual a mensagem que você deseja transmitir à pessoas? Quem é o seu público?

Dolorez: Além do que já citei aqui, acho que o meu trabalho reflete diretamente tudo o que sinto e que percebi que muitas pessoas se identificam também. Acho que essa identificação e reflexão do público ao se depararem com alguma obra minha é extremamente importante para o desenvolvimento pessoal e coletivo das pessoas, especialmente enquanto cidade.

Não sei dizer a certo qual é meu público, mas acredito que seja desde jovens que fazem arte de rua, grafiteiros/as até senhorinhas que adoram a técnica do crochê. rs

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Oficina de Street Crochet no RJ

Zizi: Você acredita no poder de transformação da arte? O que isso significa para você?

Dolorez: Completamente. Uma vez eu assisti um documentário chamado “Crazy wisdom” do Chigyam Trungpa Rinpoche. Nele, ele fala que a cultura de um povo só pode ser mudada através da arte. Nunca me esqueci e acredito completamente nisso. Acho que a arte é uma maneira direta (e muitas vezes também indireta) de atingir as pessoas, conscientizar, acolher e transformar.

Zizi: Onde você se enxerga daqui a 10 anos?

Dolorez: Poxa, eu não costumo trabalhar com sonhos e expectativas a tão longo prazo. Mas acho que posso dizer que gostaria de estar viajando o mundo com o meu trabalho. Não precisa ser só em 10 anos, universo, pode ser em 1! hahaha Com meu novo projeto DoloreZ na Mochila, a intenção é, com uma mochila nas costas,  espalhar um pouquinho do meu trabalho pelo Brasil. Começando pelo Rio de janeiro!

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Essa foi a primeira obra da Karen que vi, antes mesmo de conhecê-la <3 – Foto: Lucas Hirai

mural na lagora rodrigo de freitas crochêFiz alguns trabalhos por aí e entre eles uma parceria linda com um amigo querido: Guilherme Memi. Ele é grafiteiro e tem um trabalho super sensível que eu admiro demais e logo que marquei minha viagem para o Rio já o convidei para essa colab.

com-memi-santa teresa-rjAs próximas cidades em vista é Brasília e Belo Horizonte, também estou aceitando convites!! :)

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Olha, BH e Brasília, fiquem de olho pois com certeza sai coisa linda dessa oficina! Se rolar, é sem dúvida um momento incrível de troca e fortalecimento do diálogo.

Para acompanhar a Dolorez:

Site

Instagram

Facebook - a página foi tirada doa ar :( Triste, pois foi denunciado por conteúdo explícito provavelmente por causa das fotos do projeto As Flores da Pele, onde seios de mulheres aparecem em lambe lambes com intervenções de crochê. O projeto é justamente para falar sobre a não objetificação do corpo da mulher, para vermos a nudez como algo natural e bonito, nada a ver com pornografia conforme alegam as denúncias.